quarta-feira, 30 de janeiro de 2008


Há quem não reaja às novidades positivas que o governo, muito raramente, anuncia. Mas desta vez...não posso deixar de registar a minha alegria perante tamanha notícia: Massa Crítica, Clube Natura, VAMOS TER UMA ECOVIA!!!!!

Prevista para estar pronta em dois anos, vamos ser optimistas e contar com três, e com a necessária reeleição do nosso 1ºMinistro (onde anda uma voz da oposição que se faça verdadeiramente valer? Não há...) para este plano não ser apenas mais um projecto inacabado como a CRIL ou a reabilitação da Baixa...

É agora que temos de continuar a fazer barulho! Pedir satisfações, oferecer ajuda no que for preciso!

Parabéns aos que lutaram para chegarmos até aqui! E que a a CML ponha as mãos na massa JJJJJJJJJJJÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁ

Vivi um ano e meio em Berlim rodeada de uma sociedade que respeita o espaço e a prioridade dos que se decidem por um estilo de vida mais saudável, tenho saudades desses tempos...De ir até um bar e depois de duas cervejas voltar para casa e despejar fumo e alcool cá para fora, num passeio ao som de uma corrente de ferro que roda sem parar, um canal à minha esquerda, verdes árvores à minha direita e o ar puro, tão puro. Das tardes de sábado passarem lentamente, com paragens aqui e ali, tudo comandado pelo ritmo de um bicicleta...Um flohmarkt, meia-hora depois um milchkafee numa esplanada soalheira, meia-hora depois uma praça onde se junta uma banda de jazz a tocar.

E os lagos, e as estações de caminhos de ferro abandonadas nos parques, e as piscinas nos rios, e as festas nocturnas dentro de piscinas vazias...tudo, Berlim.

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

História do Eppi


Ninguém a conhece...porque esta história ficou perdida nos confins da memória mais profunda entre mim e mim, aquele espaço que todos temos de pequenas coisas em que pensamos todos os dias mas que não partilhamos com ninguém.
Foi por este boneco que toda a gente conhece, o Eppi, que há de ter outro nome em português que desconheço por ter tido uma infância feliz sem Rua Sésamo, que fui até Paris há duas semanas. Estava na hora de ele regressar ao seu ninho, a Sandra, que também foi parte do meu ninho suiço durante um ano.
O Eppi acompanhou-me em todas as minhas viagens, da Suiça para Portugal, de Portugal para a Polónia, da Polónia para a Alemanha e nestes últimos três anos, por cá, envelheceu. Deixou de rir como dantes e para ter a certeza de que não ia ser acusada de terrorismo no aeroporto, cortei-lhe o coração com a ajuda da Teresa e da Maria, calou-se de vez para mim.
Ressuscitou nos braços da Sandra, ao fim de sete anos de ensinamentos e de solidão.
E por ele estou feliz mas mais por mim ainda, porque por causa dele revivi uma amizade sem preço, nem tempo, nem explicação.
Eu e a Sandra conhecemo-nos numa pousada da juventude deuma cidade minúscula da Suiça, Friburgo, e pouco tempo depois estávamos à procura de um tecto para partilharmos juntas. Ela no fim de uma relação eu acabadinha de chegar à minha primeira grande aventura de mulher livre. Encontrámos um estúdio fora da cidade, pequeno,onde uma de nós dormia no chão e onde eramos controladas por uma suiça má que tinha sempre alguma acusação a fazer.
Num ano, fomos espiadas, envenenámos um cão, fomos almadiçoadas pela boneca diabólica que enterrámos no jardim da casa onde ficava o nosso minúsculo estúdio, enfeitiçámos as pessoas à nossa volta e conversámos até horas tardias.
Fumámos muito, muito, muito.
E os sete anos de separação pareceram 7 dias.
Porque o que é realmente verdadeiro volta ou nunca deixa de lá estar.
Obrigada Sandra por sentir-me tão viva e livre, de novo, ao pé de ti.

Corta-me

Corta-me os lábios,
Fere a pele que me envolve dentro de mim,
Lambe o sangue que a ti te devo.

Ontem queimei o sonho de te ver por perto,
Viajei pelo inferno laranja-vivo onde me procuravas
E fugi de ti.
Tapei-me de novo com os lençóis enrodilhados e húmidos,
Retive a respiração
E senti a lâmina crespar-se na carne viva já morta pela vida.
Cerrados, os meus olhos não viram o que o meu nariz sentira.

O que fluiu
- nada mais do que umas gotas de recordações, de saudade-
Manchou a nossa cama de negro.
Uma mancha que desenhava uma nuvem de palavras perdidas,
Devaneios repletos de reticências sem fim,
E que dissolvia a armadura de um cavaleiro da noite
Que acabou por desaparecer.
O odor, prolongado no meu corpo,
Ocupou o lugar do teu, embrenhado na minha roupa envelhecida.
Dei por mim a saborear as lágrimas que tombavam da minha cara
E a beijar as tuas mãos ausentes.

Quero-te aqui. Mata-me.
Morre comigo