segunda-feira, 21 de julho de 2008

Preparativos sem imagem

Passaram duas semanas desde a boa nova e só agora a angústia, a felicidade, o medo, a vontade e a convicção me deixam abandonar a esta tarefa de anunciar a minha partida.

Outro continente, onde todos os parâmetros da conhecida e confortável vida europeia deixam de fazer sentido, excepto para os que mantêm conscientemente a ilusão de continuar a viver na Europa e por consequência, se resguardam à margem da vida e das gentes daquelas terras.

Entre histórias assombradas e relatos mais pacíficos, a ânsia cresce, o fôlego perde o seu rumo, a vida vai fazendo das suas para tornar esta decisão tudo menos fácil.

Luanda, para quando?

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Aos imprevistos


O meu amigo de cabeceira Fernando Pessoa tem realmente um papel nestes esboços de texto: justificar as minhas contradições. Mas como só o contraditório na vida é verdadeiramente desafiante, afirmo aqui que por segundos, a astrologia me afectou profundamente a alma. Depois de um imprevisto encontro com uma pessoa que sabia ler os astros, descobri que, sem crenças, previsões ou sonhos promenitórios, caminho não no caminho certo mas no meu sentido, seguindo as máximas de Sócrates, Sartre e outros tantos. E o sentido unívoco de tudo é: o ensino. Em Lisboa, Luanda ou em todas as cidades que contenham ls e que já passaram pelas minhas mãos. É o meu meio de edificação. E nele estão contidos a árvore, o filho e o livro, um saber que para além de livresco, carrega a experiência às costas e a redescobre, dando-lhe vida própria. Pirâmide de Laswell, para quando a revelação?

segunda-feira, 14 de julho de 2008

O desejo
Uma coisa boa nunca vem só

Chega uma coisa boa, chega outra, como se numa noite vulgar de casino ouvisse o grande jackpot a sussurrar-me ao ouvido: vais viver um sonho. Mas não é só um sonho, veio um, veio outro, e outro, e outro, e não, não é possível que...
Descobri finalmente o verdadeiro signifcado do cliché "quanto menos desejares mais tens", uma ascese que, vivida na minha pele, não dispensa a minha maior fonte de prazer na vida: a viagem mental. Viajo porque à minha volta o pôr-do-sol tem-se deitado de madrugada e porque atrás da minha aparente presença a "minha vida [já] não é aqui". Viajo porque toda eu sou viajante, transitória e mensageira. E porque até no meu sono ecoam as gargalhadas e os mil e um sorrisos que eu guardei para o final, mais um final. Mais um começo.

Às coisas boas da vida...