sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Nem sempre sei

Com o tempo a passar por mim sem o ver, a vertigem de acabar o que não tem fim, o passo-a-passo que só se sente a correr, à minha frente o abismo.
Pastilhas elásticas de morango ou mentol?
Português azul ou Luscky Strike Silver?
Eu ou todo o mundo que me rodeia e que me asfixia?
O fumo, o fumo que atenua a decisão ou o distorce, o vinho que enaltece o melhor que há em mim e por aqui fico, por aqui, num lugar que só eu conheço, sei que sou.

domingo, 16 de agosto de 2009

Ácaros

Somos todos poeira e há quem diga que só na morte atingimos esse estado pulverizado de existência mas na verdade, já o éramos. Poeira que não controla o seu destino, que vagueia pelo mundo com a ilusão de liberdade e de prazer. Tão poeira somos que temos a capacidade de transformar a nossa vida no que quisermos porque a memória tudo perdoa e uns dias depois ninguém sabe mais se o ácaro era vermelho ou verde.

Não que os ácaros não tenham identidade, mas são demasiado numerosos para que sejam, todos, verdadeiramente significantes. Como este cartaz.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Acordar em Coimbra

Hoje acordei três vezes, a primeira a rebolar do sofá abaixo e com a sensação de ter saído de um concerto de jazz que musicava um filme de terror, a segunda porque tinha sede e a terceira porque ao fim de 10 horas já não há mais nenhum sonho que possa querer viver a sua vida hoje. Fica para amanhã, aquele sonho que me vai levar até uma realidade paralela e electrónica, com os ouvidos surdos e as aspirações da mente a desenvolverem novos caminhos. Com neopop à mistura.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Crónicas

Uma tosse crónica que me acorda diariamente com a sensação de morte na boca, de querer voltar a dormir, insistir, insistir e fazer força para as pálpebras não se descerrarem. Pombos e mais pombos que cronicamente infectam a cidade de mais um elemento de homogeneização do mundo, como se mais nenhum pássaro tivesse direito a viver. Um olhar sobre a sujidade crónica do rio Tejo que mais não tem para oferecer do que uma paisagem gélida e lunar ao cair da noite. É tudo tão crónico que a leveza da verdadeira crónica - onde andam elas? - nunca é bem-vinda. Como o cabelo caído nas costas morenas do verão, o titilar das folhas de árvores aventadas ou a verdadeira chama do fogo vinda de uma fogueira na praia. Crónicas estas sim para contar.

sábado, 1 de agosto de 2009

As noites do Jazz em Agosto

Aqui, nos bastidores, ainda se ouve ao longe os sons misteriosos de George Lewis Sequel, capazes de hipnotizar almas em desassossego. Mas não é só a música. É o balançar das árvores que exaltam a sua cor verde entre o psicadelismo suave que sobressai do palco, é o gato que olha perdido para a invasão de um espaço que à noite é só seu, é a reunião de pessoas que significam tanto sem se saber porquê.

É o Jazz em Agosto. E é também um pouco meu.