quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Inspirou-me, sim, ele

Vidas errantes

Quanto corri
Atrás de um pôr-do sol que não chegou
De uma folha de papel que fugia com o vento
De uma ideia sobre a vida e os tempos e as vontades.

Encontrei gentes
Todas iguais
Todas inseguras
Todas à procura de um fim.

Não segui
Os passos de ninguém.

Aqui neste mundo,
Onde a terra é azul como uma laranja
E os prados semeiam armas,
Não há razão de ser nem meta,
há o prazer fortuito,
há a saudade do não vivido,
há o hoje e o agora.

Deixei de correr,
Parei.
Para ver o entardecer chegar.

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

homenagem ao poeta da natureza

A boca,

onde o fogo
de um verão
muito antigo

cintila,

a boca espera

(que pode uma boca
esperar
senão outra boca?)

espera o ardor
do vento
para ser ave,

e cantar.
Eugénio de Andrade