Ainda não cheguei porque as noites estão a ser longas com sobressaltos e sonhos de um outro mundo, porque a chuva e o vento que estão a pairar sobre esta cidade estão a deixar-me num estado letárgico que parece não ter fim.
Todos os dias recordo-me do que me esqueci de escrever sobre uma viagem que foi mais viagem do que férias, sobre um estado mental que, na primeira semana, deixou a saborosa sensação de ter um mês pela frente para estar longe.
Não estive afinal tão longe quanto queria, nem o mês pareceu um mês. O tempo de repente virou-se contra mim e transformou-se numa contagem decrescente ao fim da segunda semana. Ao fim da terceira precisava de férias. Ao fim da quarta estava em Lisboa, mal dormida, a trabalhar.
O tempo está definitivamente a passar e não nos dá tempo para aceitar que não há mesmo tempo, é assim que a vida nos compromete a querermos aproveitar todos os seus segundos, mas à medida que o tempo passa e a idade avança, a energia para corresponder a essa expectativa desvanece.
Foi bom este mês quantitativo que psicologicamente soube a 10 dias. Mas podia embarcar já num outro mês que soubesse a 20.
Destes 10 dias vou ter ainda coisas para dizer, sensações que ficaram de conhecer o que é um fim do mundo na verdade tão pouco fim do mundo, tão desenvolvido e civilizado e do que é afinal viajar.
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