
Poetas e escritores buscam há séculos o significado da vida e o que o ser humano deseja para si próprio, questionam o que é afinal a felicidade, aquela palavra que só não amedronta os que já são verdadeiramente felizes.
Costumo sempre distinguir a felicidade do contentamento, afirmando que, no dia-a-dia, há um bem-estar possível de atingir com aquela pequena decisão ao acordar que nos faz dizer "sim" a um dia, e que o conjunto de dias seguidos em que esse sim se impõe constitui a felicidade. O contentamento é a parte, a felicidade o todo imperceptível que só é evidente com o passar do tempo, a objectividade, a comparação. Afinal a felicidade é um conceito do passado e não um desejo futuro. E no presente é possível sentir-se a felicidade?
O ser humano é dúvida, é medo, é insegurança. E quando a felicidade está no agora e no instante, a queda parece inevitável.
Já caí tanta vezes e continuo com medo. Será que vou cair? Será que "la vie est bien faite" e que todas as minhas futuras opções vão contribuir para este novo rumo que eu sinto como uma reconciliação comigo própria?
Feliz ou não, uma coisa é certa. Não quero mais separar-me de mim mesma, vender o meu tempo, inusitadamente, aos outros.Não há como encontrar o conforto da alma no nosso próprio ser.