domingo, 13 de abril de 2008

A Queda de um Anjo


Poetas e escritores buscam há séculos o significado da vida e o que o ser humano deseja para si próprio, questionam o que é afinal a felicidade, aquela palavra que só não amedronta os que já são verdadeiramente felizes.
Costumo sempre distinguir a felicidade do contentamento, afirmando que, no dia-a-dia, há um bem-estar possível de atingir com aquela pequena decisão ao acordar que nos faz dizer "sim" a um dia, e que o conjunto de dias seguidos em que esse sim se impõe constitui a felicidade. O contentamento é a parte, a felicidade o todo imperceptível que só é evidente com o passar do tempo, a objectividade, a comparação. Afinal a felicidade é um conceito do passado e não um desejo futuro. E no presente é possível sentir-se a felicidade?

O ser humano é dúvida, é medo, é insegurança. E quando a felicidade está no agora e no instante, a queda parece inevitável.

Já caí tanta vezes e continuo com medo. Será que vou cair? Será que "la vie est bien faite" e que todas as minhas futuras opções vão contribuir para este novo rumo que eu sinto como uma reconciliação comigo própria?

Feliz ou não, uma coisa é certa. Não quero mais separar-me de mim mesma, vender o meu tempo, inusitadamente, aos outros.Não há como encontrar o conforto da alma no nosso próprio ser.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Estado de Alma


Não, não perdi de vista este projecto que até estava a correr bem, o entusiasmo com que voltei à escrita... Só que há realmente momentos na vida que nos absorvem e este foi um deles...Mudanças e mudanças que não nos permitem parar para desfrutar os pequenos passos e só nos levam a avançar, sem sabermos muito bem para onde vamos.

De volta a uma estabilidade efémera, que daqui a dois meses será mais uma recordação de um tempo vivido com intensidade, estou agora rodeada de pessoas e temas que mexem comigo, que me inspiram, que se sobrepõem à minha pessoa e me fazem sentir que só sem peles vestidas vale mesmo a pena viver.

O teatro, a velha paixão que me atacou por influência de uma avó tão irrequieta e hiperactiva quanto eu, trespassa agora, diria finalmente, a minha vida. Passo os dias a reviver a vida de autores que me fascinam e que tornam a minha existência mais insignificante, menos egocêntrica; passo horas a pensar em ideias e a sentir que a criatividade é um dom à mão de todos os que nela se debruçam.

Foi Fernando Pessoa que formulou a ideia de nostalgia do futuro, referindo-se ao sebastianismo e a um sentimento antecipado de perda de uma coisa que nos é, por alguma razão, querida. Tudo o que me pertence agora é-me tão precioso que temo o dia em que irei ter que dizer: acabou.

Não são pessoas, não são objectos, são estados de alma. Espero que este meu estado de alma não acabe nunca.