
Não é por acaso que este tema regressa ciclicamente ao meu caderno digital. Num acto de automatismo, liguei ontem a televisão no momento em que um documentário revisitava o Maio de 68 e a época conturbada da Guerra Fria na Europa. Uma raridade para quem se recusa a ter Tv Cabo em casa.
A repressão mudou de figura mas permanece em todos os campos da vida. Aqui, neste canto do mundo pseudo-civilizado, nesta calmaria que mais do que apaziguar me assusta, pequeno é o espaço em que nos movimentamos, livres, entre pessoas. Regras e mais regras impõem o grande silêncio perante os nossos sentimentos e princípios mais profundos, um adormecimento que nos sobrevive e que torna a vida num jogo de poderes que nos ultrapassa.
Pondo de lado as lamentações, grito com Brecht o grande paradoxo da liberdade actual: quando agimos como se tudo fosse permitido, perdemo-nos na liberdade, voltamos à gruta de Platão, agrilhoados pelas nossas próprias ilusões. Quando deixamos que o sistema nos aglutine, entramos no ciclo vicioso e viciado de quem dita as regras.
Onde estará então a liberdade humana?