domingo, 13 de maio de 2007

Paixão encarcerada

Já tinha ouvido histórias sobre paixões impossíveis, romeus e julietas, tristões e isoldas, édipos e fedras. Involvidas na magia do transcendente e do trágico, sempre me soaram a uma condição humana pronta a ser revelada: uma deixa inesquecível que homanageia um valor supremo. Na vida como no teatro, as deixas são inevitáveis: imprimem carga aos actos e qualidades às personagens. Os valores supremos emanam daí como fumo que se espalha por todo o espaço, caindo sobre o público como ahhhh, era aí que se queria chegar. Só que na vida, nem tudo chega. Na vida, os labirintos existem com minotauros sempre prontos a mastigarem-nos; os campos de rosas com picos perseguem-nos, as paixões encarceradas dão-nos revelações incongruentes de valores trocados. A vida é só mesmo para quem sabe.

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