terça-feira, 22 de janeiro de 2008

História do Eppi


Ninguém a conhece...porque esta história ficou perdida nos confins da memória mais profunda entre mim e mim, aquele espaço que todos temos de pequenas coisas em que pensamos todos os dias mas que não partilhamos com ninguém.
Foi por este boneco que toda a gente conhece, o Eppi, que há de ter outro nome em português que desconheço por ter tido uma infância feliz sem Rua Sésamo, que fui até Paris há duas semanas. Estava na hora de ele regressar ao seu ninho, a Sandra, que também foi parte do meu ninho suiço durante um ano.
O Eppi acompanhou-me em todas as minhas viagens, da Suiça para Portugal, de Portugal para a Polónia, da Polónia para a Alemanha e nestes últimos três anos, por cá, envelheceu. Deixou de rir como dantes e para ter a certeza de que não ia ser acusada de terrorismo no aeroporto, cortei-lhe o coração com a ajuda da Teresa e da Maria, calou-se de vez para mim.
Ressuscitou nos braços da Sandra, ao fim de sete anos de ensinamentos e de solidão.
E por ele estou feliz mas mais por mim ainda, porque por causa dele revivi uma amizade sem preço, nem tempo, nem explicação.
Eu e a Sandra conhecemo-nos numa pousada da juventude deuma cidade minúscula da Suiça, Friburgo, e pouco tempo depois estávamos à procura de um tecto para partilharmos juntas. Ela no fim de uma relação eu acabadinha de chegar à minha primeira grande aventura de mulher livre. Encontrámos um estúdio fora da cidade, pequeno,onde uma de nós dormia no chão e onde eramos controladas por uma suiça má que tinha sempre alguma acusação a fazer.
Num ano, fomos espiadas, envenenámos um cão, fomos almadiçoadas pela boneca diabólica que enterrámos no jardim da casa onde ficava o nosso minúsculo estúdio, enfeitiçámos as pessoas à nossa volta e conversámos até horas tardias.
Fumámos muito, muito, muito.
E os sete anos de separação pareceram 7 dias.
Porque o que é realmente verdadeiro volta ou nunca deixa de lá estar.
Obrigada Sandra por sentir-me tão viva e livre, de novo, ao pé de ti.

2 comentários:

Anónimo disse...

Je n'aurais jamais pu resumer mieux l'histoire d'Epi et la nôtre...
Je t'embrasse :)
Sandra

nadiaadizer disse...

Sandriña...J'ai fait mon mieux, mais je promets un jour intégrer toutes ces histoires dans un vrai roman à la "Levy"!!!