O Escafandro e a Borboleta
Talvez assim volte a escrever,
Num impulso vindo de uma pálpebra que mexe ao som de cada letra,
Numa memória que se transforma em fantasia absurda,
Num fumo que desenha lábios de vinho no céu.
Talvez assim volte a escrever,
A acariciar o vento com o olhar,
A atravessar uma cascata de cores,
A sentir um dedo do pé que chega e toca no meu,
E que não sabe mais para onde ir.
Vou escrever-te
Até que a saudade seja nostalgia sem vontade
Até que apague cada sílaba do teu nome
E que de ti só reste tudo o que não conheci.
Vou escrever-te
Para borrar os lábios,
Para olhar,
Para descobrir, afinal, tudo.
Enquanto o abcedário tocar.
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