Não, não perdi de vista este projecto que até estava a correr bem, o entusiasmo com que voltei à escrita... Só que há realmente momentos na vida que nos absorvem e este foi um deles...Mudanças e mudanças que não nos permitem parar para desfrutar os pequenos passos e só nos levam a avançar, sem sabermos muito bem para onde vamos.
De volta a uma estabilidade efémera, que daqui a dois meses será mais uma recordação de um tempo vivido com intensidade, estou agora rodeada de pessoas e temas que mexem comigo, que me inspiram, que se sobrepõem à minha pessoa e me fazem sentir que só sem peles vestidas vale mesmo a pena viver.
O teatro, a velha paixão que me atacou por influência de uma avó tão irrequieta e hiperactiva quanto eu, trespassa agora, diria finalmente, a minha vida. Passo os dias a reviver a vida de autores que me fascinam e que tornam a minha existência mais insignificante, menos egocêntrica; passo horas a pensar em ideias e a sentir que a criatividade é um dom à mão de todos os que nela se debruçam.
Foi Fernando Pessoa que formulou a ideia de nostalgia do futuro, referindo-se ao sebastianismo e a um sentimento antecipado de perda de uma coisa que nos é, por alguma razão, querida. Tudo o que me pertence agora é-me tão precioso que temo o dia em que irei ter que dizer: acabou.
Não são pessoas, não são objectos, são estados de alma. Espero que este meu estado de alma não acabe nunca.
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